Mais um retorno

(Foto: André Durão)

Depois de Ronaldo e Fred, foi a vez de Adriano retornar, de fato, aos gramados brasileiros. E não poderia ser melhor: num Maracanã lotado, fazendo gol e com o Flamengo jogando bem. Se ainda há dúvidas de que o Imperador pode fazer a diferença, é só lembrar: quantas bolas cruzadas para a área o rubro-negro aproveitou em 2009? Pois é.

Com a experiência de Emerson (vocacionado pra ser coadjuvante) e a qualidade de Adriano, o ataque do Fla pode mudar da água pro vinho. As chances de sempre foram criadas, e dessa vez melhor aproveitadas: dois gols e muito perigo ao gol do Atlético-PR. Cuca precisa ser reconhecido como um bom técnico pela torcida rubro-negra para o time sonhar mais alto nesse Brasileirão.

O Fluminense segurava uma vitória magra contra o Náutico fora de casa - Fred despertou! - mas a inexperiência de seu elenco custou caro. O bom atacante Maicon, quebrando o galho na defesa, fez um pênalti infantil no último minuto de jogo. Pobre Ricardo Berna, que substituiu tão bem FH e acabou levando um gol de paradinha.

Irritante mesmo é Thiago Neves, sempre fora do tempo de bola, desperdiçando todos os contra-ataques possíveis e chutando nas nuvens. A cabeça do jogador não parece entrar em campo junto com o resto.

Será que o São Paulo tratou de acordar para a temporada 2009? Venceu o Cruzeiro por 3 x 0 (ambos com seus titulares), com um gol de cada atacante - e olha que o trio vive uma crise de ciúmes faz tempo. O resultado na Libertadores pode definir melhor o desempenho do tricolor no primeiro semestre. Já a Raposa tem que parar de perder pontos importantes.

O Santos não vacilou e venceu os reservas do Corinthians na Vila Belmiro. Nada absurdo, pois o elenco do Peixe é equilibrado. E se o Timão titular já não é essas coisas, imagine os reservas...

Obina e Keirrison também despertaram para o gol, e na mesma partida! E mais uma bela tirada do ex-flamenguista: "Nunca eu ia ficar um ano sem fazer gol". Ok, o empate foi um resultado chocho, mas se os atacantes voltarem a seus dias de artilharia, o Palmeiras pode mudar o curso da sua história em 2009.

O Botafogo volta a botar medo na torcida: levou dois gols do combalido Sport e suou pra empatar dentro de casa. O pior é que, segundo Ney Franco, o time errou em tudo que foi advertido pra não errar, antes do jogo. Tem jeito um negócio desse?

É bravata ou não é?

A diretoria do Fluminense, após a confusão no treino dessa semana, resolveu cortar todos os privilégios que as torcidas organizadas do clube mantinham. Não terão mais ingressos gratuitos, salas nas Laranjeiras para guardar faixas e adereços, sócios que participaram do episódio serão expulsos...

Boa atitude, uma resposta à altura do vandalismo. Mas será que vai vingar? O Fluminense, que assim como tantos outros clubes, mantém um respeito (?) pelas organizadas a ponto de seus líderes serem recebidos pela diretoria várias vezes, vai bancar a decisão?

São as torcidas organizadas que, nos jogos, lideram o coro de apoio ao time, fazem os mosaicos, levam as faixas, puxam os gritos de incentivo (ou protesto). Infelizmente, de uns tempos pra cá, toda a violência ocorrida nos estádios ou fora dele está sempre envolvendo as organizadas.

A ponto delas serem chamadas (e se chamarem) de facções, como nos presídios ou nas gangues. E o comportamento tribal dos integrantes dessas torcidas extrapola o amor pelo time. Aliás, por vezes nem passa por isso - o bom mesmo é tripudiar dos rivais de qualquer jeito, antes mesmo de torcer.

Se a diretoria do Fluminense quiser entrar pra história, pode começar levando a sério a decisão que tomou. Não voltar atrás e colocar o torcedor organizado no seu devido lugar: como torcedor, antes de tudo, e não como diretor de clube ou intimidador de plantão.

A voz da experiência

Vasco e Corinthians fizeram um jogo ruim, ontem, com algumas boas chances de gol. Em geral, o que se viu foi o time carioca desesperado pra fazer um gol (ou empatar a partida) e o time paulista com mais calma e toque de bola, mas com muita displicência.

O que deu pra perceber é que a experiência vai contar muito nessa semifinal. O Timão, cheio de jogadores rodados, sabia trabalhar bem a bola diante de um Maracanã lotado. O elenco vascaíno, repleto de jovens na idade e na carreira futebolística, não tinha maturidade para fazer frente.

Jorge Henrique deu um belo passe pra Dentinho conferir, depois de ser mal marcado por Amaral (inexplicavelmente titular). E a defesa corintiana não dava moleza. Mas o Vasco acabou "achando" um gol graças a Elton, que deu o passe de calcanhar que desconcertou a zaga paulista.

Não concordo que, se fosse em São Januário, o Vasco teria melhor sorte. Aliás, os vaiscaínos podem até gostar de ter um "caldeirão", mas não podem abrir mão de jogar no maior do mundo. Foram quase 70 mil torcedores fazendo uma bela festa, e o time cruzmaltino não pode se apequenar por vontade própria.

No Rio Grande do Sul, o Coritiba assustou o Internacional ou fazer 1 x 0 ainda no primeiro tempo. Depois, o Colorado se achou e construiu um placar mais confortável (3 x 1). No entanto, esse gol fora de casa dá esperanças ao Coxa, que terá Marcelinho Paraíba de volta semana que vem.

Quem assustou também o Inter e a Seleção foi Nilmar, que saiu de campo com dores nas costas (que não vêm de hoje). Tomara que corra tudo bem com o bom atacante.

Na Libertadores, o Grêmio conseguiu um empate num campo ruim, e decide a vaga no Olímpico. Não tenho dúvidas que vai passar. Em Belo Horizonte, o Cruzeiro venceu o São Paulo mas deixa tudo em aberto para o jogo no Morumbi.

O tricolor parece um mamute adormecido, cheio de histórias pra contar mas que ainda não mostrou força em 2009. Se acordar... Já a Raposa tem Ramires e Kléber em ótima fase, que sabem jogar fora de casa sem ceder à pressão.

Cínicos patrocínios

A foto já diz muita coisa sobre o clima do Fluminense. Se soubermos a causa da briga, mais ainda: Diguinho, volante que há tempos não joga pelo time, foi cobrado por um torcedor de facção organizada sobre sua assiduidade numa boate da Zona Sul. A resposta foi malcriada, e aí...

Caso o Flu não se recupere no Brasileirão, com a torcida achando que os atletas não têm se esforçado, o perigo pode ser maior ainda. A Unimed nada mais é do que patrocinadora do clube, embora se posicione como instância decisória - como foi no caso de Renê Simões e outros.

Porém no momento em que ela perceber que o barco está afundando - ou que não é mais vantagem associar sua marca à imagem do clube - será a primeira a dizer tchau. O que revela como os dirigentes são bem estúpidos: de pires na mão, em vez de se planejarem para não dependerem unica e exclusivamente de um único e exclusivo patrocinador pra tudo (nada de sócio-torcedor, por exemplo), é exatamente isso o que fazem.

E deixam a Unimed com as vantagens de mandar no clube sem nenhuma responsabilidade caso as coisas deem errado. Pergunte ao Palmeiras como foi a vida pós-Parmalat.

***

O Corinthians já é campeão, se for disputado o título de camisa mais feia do Brasil. Tal e qual os times pequenos do interior, o Timão polui seu uniforme com marcas de todo o tipo, com o escudo e o número apenas como detalhes.

Como consumidor, questiono se essa é melhor estratégia para fixar uma marca. Os times da Inglaterra, por exemplo, possuem só um local de exibição de patrocínio (na frente da camisa), e a atenção para um lugar apenas é muito maior do que pra vários.

Agora, inauguram um novo local pra faturar: as axilas dos jogadores com uma propaganda de desodorante, claro. Eu sou do tempo que Os Trapalhões faziam anúncio do Avanço. Mas se pararmos pra pensar nos dirigentes do Parque São Jorge e suas dívidas maravilhosas, não mudou muita coisa...

Obina neles!

É, Manoel de Brito Filho, o ciclo se encerra. Em 2004 você fez 3 gols numa vitória (do Vitória) por 5 x 1 sobre o Flamengo. Em 2005, o atual Cuca te trouxe pra Gávea.

Desde então, sua trajetória diante da maior torcida do Brasil foi de altos e baixos. Você entrou para a mesma galeria de Peu, Fio Maravilha, Nunes e tantos outros atacantes folclóricos que ficaram na história do clube, tanto por seus gols quanto por seus episódios inenarráveis. "Com Obina, tudo pode acontecer!!!", gritava um locutor de rádio após uma jogada sua.

Você sai espinafrado (com justiça), sem ter feito um mísero gol em 2009.

Mas em 2005 você fez o gol que tirou o Flamengo do rebaixamento.

Em 2006 você fez o gol que começou a conquista da Copa do Brasil.

Em 2008 você deixou o seu nas finais do Carioca. Mesmo antes de romper os ligamentos de um joelho, você deixou o seu.

Fora os demais gols estranhos, e a ironia declarada de ser melhor que Eto'o.

Mas também apanhava da bola, dava saltos esquisitos, chegava gordo das férias e dizia que foi muito acarajé. Como não ser folclórico?

O torcedor do Flamengo dá graças aos céus por sua saída. Mas a verdade é que a relação da nação contigo é de amor e ódio, sempre será.

Porque assim como as bisonhices, os gols acima habitam o imaginário e o histórico recente de títulos rubro-negros. Você conseguiu algo para poucos: fazer com que cada flamenguista um dia possa dizer "Lembra do Obina?" rindo e com raiva ao mesmo tempo.

O Flamengo emprestou você para o Palmeiras. Ou seja, ainda há um risco de voltar. Será que você gostaria, Obina? E as torcidas - do Fla e do Verdão? Ninguém se arrisca a uma resposta.

Mas você, Obina, assim como Túlio, Dario, Paulo Cesar Caju e outros, trouxe mais graça ao futebol brasileiro. Não é pouca coisa.

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Quanto mais gente, melhor

Qualquer palpite pode falhar, assim como qualquer conclusão apressada. Mas não tenho dúvida que, num campeonato por pontos corridos, será campeão aquele que tiver elenco. Ou seja, um time base bom com banco idem - e se for atrapalhado pela janela de transferências, que saiba equilibrar a equação novamente.

Assim, o Grêmio entra na briga junto do Internacional, Cruzeiro e São Paulo exatamente por esse quesito. No jogo de ontem contra o Botafogo já tivemos uma prévia: que diferença fez no nível do time quando Souza e Jonas saíram para a entrada de Douglas Costa e Herrera? O domínio continuou e 2 x 0 ficou barato.

No lado oposto, está o próprio Botafogo. Pena com jogadores medianos (embora muito comprometidos com a causa alvinegra), mas nada além disso. Reinaldo pode voltar, mas e o meio-campo? Juninho ainda segura na defesa, e o time parece bem treinado, mas é pouco, muito pouco.

O Fluminense segue à deriva desde... Desde quando mesmo? O clube está uma zona: não tem dinheiro pra reforços, atletas jovens "se queimando", o experiente Parreira não consegue solidificar um esquema tático - até porque lhe falta técnica. Além dos inúteis Mariano, Wellington Monteiro, Edcarlos e cia. limitadíssima, os bons jogadores estão em baixa: Thiago Neves, Fred e Conca.

Aliás, o Flu de Parreira é melhor ou pior do que o Flu de Renê Simões? A Unimed pode conferir a resposta.

Mas não esqueçamos que o Santos fez por merecer o resultado de 4 x 1. Neymar deu um lindo passe na sua primeira participação no jogo, mas Molina, Madson e Kleber Pereira também mostraram ótimo entrosamento. É um time que vai dar trabalho, se sua torcida deixar.

Na pelada que foi Santo André 1 x 2 Flamengo, só mesmo o peladeiro-mor pra resolver: Josiel, o homem que recebe a bola (somente) para chutar a gol, não decepcionou numa partida que é a sua cara. O time paulista deu uma canseira, mas o rubro-negro soube tocar a bola.

Com Adriano, o Fla voa mais alto. Mas sem Ibson, não sei não...

Palmeiras e Corinthians ficaram no 0 x 0 graças aos goleiros, mas o juiz deu uma ajuda ao não marcar um pênalti claríssimo em Diego Souza - que, claro, ainda teria que ser convertido. Mas os senhores do apito estão errando tanto nesse começo de campeonato que ficou até na média. E Keirrison, cadê? Luxemburgo faz bem em proteger o garoto, que não agüentou a pressão geral quando surgiu "meio fenomenalmente".

Bela virada do Náutico em cima do Atlético-PR, Avaí rei dos empates, Sport ainda se recuperando da derrota na Libertadores. E o Corinthians, que sem Ronaldo num bom dia, é um dos times mais chatos de se assistir atualmente.

Cada oportunidade vale ouro

No afunilamento da Copa do Brasil, é cada vez mais claro que o time que aproveita melhor as oportunidades que tem dá passos largos para seguir adiante. O equilíbrio marcou as quartas-de-final, em jogos que foram decididos nos detalhes.

Começando por Internacional x Flamengo, que fizeram dois jogos dignos das tradições de suas camisas. Cuca e Tite conhecem o elenco que possuem, e sabem usar seus atletas de acordo com as circunstâncias do jogo. Mesmo enquanto o Inter vencia ontem por 1 x 0 o jogo continuava aberto e em suspenso.

O time da Gávea jogou com personalidade, diante de um Beira-Rio lotado e que não parava de gritar nem quando sofreram o empate (o ataque desencantou!). Percebe-se um padrão de jogo que pode ser muito útil no Brasileirão - se a política do clube deixar...

O Colorado tinha Guiñazu, que se multiplicou em campo. E tem jogadores com mais qualidade do que o Fla, que dessa vez tiveram espaços para tabelar: Taison, Nilmar e D'Alessandro não foram espetaculares, mas objetivos para decidir a partida. E ainda conta com Andrezinho no banco, pra fazer o que fez (no jogo do Rio incomodou muito também).

Outra característica impressionante do campeão gaúcho era a rapidez com que recompunha sua defesa. Parecia um time de basquete!

Obina e Zé Roberto não comprometeram o esquema do Fla, dentro do contexto do jogo. E Ibson e Kléberson sobram a cada partida - as melhores jogadas, como a do gol de empate, saem de seus pés. Mas os laterais rubro-negros andam em baixa: Léo Moura desaparece em campo e Juan... Bom, esse tem que pensar se um dia deixará de ter 8 anos de idade.

Não sou de jogar a culpa num só jogador, mas Cuca já tinha avisado: "não podemos errar". E Juan já tinha errado tudo pela esquerda: perdia bolas, cavava faltas inexistentes, não voltava pra marcar. É clara a insatisfação do lateral no clube, desde as brigas infantis com o técnico, até o jogo de ontem. Sua desatenção na hora de recuar a bola demonstrou a falta de sintonia com o restante dos companheiros.

Mas o Inter mereceu a vitória, sem dúvida. Se a janela de transferências não atrapalhar, um grupo fechado e entrosado como esse é complicado de bater.

O Corinthians foi frio para jogar água no chope do Fluminense logo cedo. 2 x 0 com 20 minutos de jogo, fora de casa, é de matar qualquer reação. O empate até veio, mas fazer 4 gols num time de Mano Menezes é trabalho de Hércules.

Ronaldo, por sua vez, completa 4 jogos sem marcar. O que há com o Fenômeno? Foi só jogar partidas seguidas que já sentiu o peso que teima em não ir embora. E o que há com Fred?

O Vasco completou a façanha de chegar às semifinais da Copa do Brasil. Vai enfrentar o Timão enquanto mata um leão por sábado na Série B. É uma missão muito inglória, e acho difícil o cruzmaltino passar às finais. Que me desculpe também a torcida do Coritiba, mas Internacional x Corinthians têm tudo pra decidir quem garante a primeira vaga do ano para a Libertadores 2010. E continuo apostando no Colorado.

Pequenos pitacos

Exemplar

O Botafogo mais uma vez dá aulas de como preservar a memória do clube e honrar aqueles que fizeram do Glorioso um time grande. Domingo a Sala de Imprensa Armando Nogueira foi inaugurada, com a presença do próprio e de Zagallo, ex-craque do clube.

Armando sempre foi jornalista e botafoguense, e nunca deixou que uma coisa atrapalhasse a outra. É ótimo escritor, e possui os mais belos textos sobre futebol - é herdeiro de Nelson Rodrigues, sem dúvida. Merecia ter seu nome importalizado.

Zagallo, outro que é memória viva do futebol brasileiro, disse na inauguração que Armando Nogueira não será esquecido. "Assim espero", disse o homenageado, que luta contra um câncer. A diretoria atual do Botafogo trocou de chororô: em vez de apequenar o time reclamando de arbitragens, emociona quem merece e quem precisa saber da história do clube. Quando os demais vão fazer o mesmo?

***

Tem fundamento

No Flamengo, Cuca é questionado quanto à eficiência do ataque, que teima em não fazer gol. "O mais importante é que as chances estão sendo criadas", responde o treinador. A explicação não é desculpa. Se um time cria pouco e sempre vence por 1x0 ou empata em 1x1, com um meio-campo quase inútil, ninguém repara.

O time do Fla cria inúmeras chances, e bola na trave é fatalidade, não incompetência. Concordo que os atacantes estão abaixo da média. Mas o tricampeão carioca, no momento atual, é um dos times mais criativos e compactos do Brasil, além de não ter levado gol na Copa do Brasil e segurou Nilmar e cia - até hoje...

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Acerto de contas

Petkovic de volta à Gávea: a manobra contábil disfarçada de reforço.

Ainda é cedo

(Foto: Lucas Uebel/VIPCOMM)

Apenas a segunda rodada do Brasileirão, e nada especial para ser destacado. Um perde e ganha sem muito sentido e só mais a frente teremos ideia de quem é quem no campeonato de 2009.

Talvez uma coisa apenas tenha se mantido: a dificuldade do Flamengo em fazer gols. Há quem diga que o esquema de Cuca não favoreça os atacantes que dispõe, mas a verdade é que eles - únicos obrigados a marcar - estão perdendo gols fáceis. Com Juan e Leo Moura sem variar as jogadas, apenas afunilando pelo meio, o time fica mais previsível. E quase que o Avaí chega à vitória por mais um drible perigoso de Bruno dentro da pequena área. É por essas imaturidades que o goleiro não disputa vaga na Seleção.

O Corinthians, mesmo com Ronaldo, não venceu o Botafogo - que sem Maicossuel pode começar a rezar. Volto a dizer que o Timão é composto de um bom goleiro, Dentinho e Ronaldo (quando marca gols). O resto são jogadores esforçados, somente. Méritos para Renan, que saiu muito bem em todas as bolas mas precisa urgentemente melhorar a reposição pro ataque.

Fluminense e Barueri fizeram um jogo medíocre. Ao menos a garotada tricolor de Xerém não sente a pressão e mostra que está à disposição de Parreira.

O Internacional, com time misto, venceu o Palmeiras em casa. Não é novidade: o Colorado é muito forte no Beira-Rio, e lá, além de Nilmar, seus jogadores mais talentosos se desinibem. Veja pelo drible de Taison na jogada do primeiro gol. A torcida vai ser um 12o. jogador no pescoço do Fla, sábado. E nem precisa de foguetório na madrugada - ou o Inter só consegue vencer se o adversário estiver em condições físicas piores?

Quando os times pernambucanos vão melhorar o estado de seus gramados? Começo a desconfiar que os deixam ruins de propósito, para ser um obstáculo a mais para o adversário que não conhece o lugar exato dos buracos. O Cruzeiro teve seu toque de bola seriamente prejudicado, e o Náutico venceu bem nos Aflitos - belo gol de Carlinhos Bala.

Na série B, o Vasco conseguiu sua segunda vitória seguida, sem sofrer gol. Léo Lima precisa definir sua personalidade: ou ele é o cri-cri que toma cartão amarelo por reclamação a menos de 2 minutos de jogo; ou aparece em campo com belos passes e lançamentos. A segunda opção será melhor pra ele e para o Vasco, que ainda carece de um banco mais forte. Destaque para o bom lateral-esquerdo Ramon, que jogou com raça o tempo todo.

Tudo em aberto

As quartas-de-final da Copa do Brasil mostraram o equilíbrio entre as equipes, mas os placares dos jogos não refletem o que aconteceu em campo. Pra se ter um exemplo, Ronaldo e Nilmar passaram em branco!

Flamengo e Internacional empataram em 0 x 0 no Maracanã numa atuação de gala dos goleiros. Cuca armou o time para encurtar os espaços dos ágeis D'Alessandro e Taison, fazendo o mesmo com Nilmar na frente - e conseguiu. Só que enquanto Leo Moura e Juan abdicarem de ir à linha de fundo, fica difícil jogar contra um time retrancado. Kléberson tentou, mas não dá pra resolver tudo sozinho.

A solução era chutar de longe, e quem percebeu isso foi o Inter, mas só após a entrada de Andrezinho - que assustou Bruno duas vezes. Guiñazu ganhava todas dos flamenguistas indecisos (que não sabiam o que fazer com a bola) e os zagueiros nunca teriam trabalho com Obina, Josiel etc etc etc...

O Corinthians ganhou no Pacaembu pela contagem mínima, mas o Fluminense merecia o empate. Ronaldo não teve grandes chances, mas está voltando de uma gripe. Será que ele joga domingo e depois quarta novamente? Agora é que o Fenômeno será testado de verdade.

O goleiro de futsal FH mais uma vez mostrou serviço, mas Thiago Neves perdeu um gol ao chutar em cima de Felipe. Pode fazer falta no Rio de Janeiro.

O Grêmio passou às quartas-de-final da Libertadores com tranquilidade, e não ficarei espantado se chegar à final. O elenco é bom, e possui jogadores com o espírito da competição.

E a grande atuação da rodada foi a de São Marcos, rei das disputas por pênaltis. O Sport fez o que pôde, mas parou no goleiro do Palmeiras, que deu um ótimo depoimento: defender as cobranças não é mera sorte, mas também trabalho de casa. Os cobradores poderiam fazer o mesmo...

Fico com pena do Sport, que merecia sorte melhor na Libertadores, com a torcida entrando em campo junto com o time. Mas o Leão da Ilha tem chance de voltar em 2010, se mantiver o mesmo ritmo no Brasileirão.

Esse promete!

O Brasileirão 2009 finalmente começou. Promete ser dos melhores, e é bom ver as grandes equipes do país enfrentando-se entre si, viajando etc. E ele começou sem novidades ou grandes desastres.

O Internacional venceu o Corinthians fora de casa com um golaaaaço de Nilmar. Esse garoto é muito bom de bola, e vai brigar por uma vaga na Copa do Mundo. O Timão sem Ronaldo parece se resumir à falta de gols e derrotas.

O Cruzeiro venceu o Flamengo mostrando como tem um time bom e bem entrosado. Suportou a pressão do começo da partida e, após o pênalti (mal marcado) e a expulsão de Jancarlos, jogou com inteligência e precisão. Mas foi, como todos os adversários do Fla, ajudado pelo irritante desperdício rubro-negro nas finalizações. Ramires, mais uma vez, sobrou e manteve a freguesia do Flamengo no Mineirão.

O que comentar do resto? É muito cedo para qualquer análise mais acurada. O São Paulo, como sempre, começa mal, mas depois da janela de transferências costuma se acertar. Muitos empates desinteressantes aqui e ali e nada além disso. Bom ver Keirrison voltando a marcar e dando a vitória ao Palmeiras

Minha face palpiteira demorou a surgir, mas lá vai:

CANDIDATOS AO TÍTULO: Internacional, Cruzeiro, São Paulo

CANDIDATOS À LIBERTADORES: Palmeiras, Flamengo, Sport, Grêmio, Santos

CANDIDATOS AO REBAIXAMENTO: Botafogo, Santo André, Barueri, Atlético-MG, Náutico

CANDIDATOS A ARTILHEIROS: Ronaldo, Keirrison, Marcelinho Paraíba, Borges, Kléber

Você concorda?

Uma nova competição

A Copa do Brasil muda de cara nas suas quartas-de-final, como de costume. Grandes clássicos do futebol brasileiro voltam a acontecer, com muitos times em boa fase. O Brasileirão deve ficar em segundo plano para as torcidas, porque emoção mesmo vai ser no mata-mata.

O Flamengo não teve problemas para passar pelo Fortaleza. Aliás, teve um pouco enquanto insistia em jogar embolado no meio-campo. Cuca acertou as jogadas pelos lados e a grande movimentação de todos, sem posição fixa (característica de seus times), baratinou a marcação tricolor.

Kléberson sobe de produção e está com tudo pra ser um dos melhores jogadores do Brasileirão. Hoje Adriano chega e espera-se que dê um jeito no ataque rubro-negro. E como é bom ver a homenagem a Ronaldo Angelim por duas torcidas diferentes, nesses tempos de rivalidades assassinas e sem propósito no futebol.

O Vasco apaga a má impressão deixada em São Januário e goleia o Icasa no Ceará. Léo Lima, se tiver a cabeça no lugar, pode ser um dos cérebros do time. O passe para Paulo Sérgio, no lance do pênalti do primeiro gol, foi sensacional. Mas o time cruzmaltino precisa mostrar sua força contra outros times grandes.

O Internacional continua jogando fácil, bonito e com aplicação. Se já tinha goleado o Náutico fora de casa, no Beira-Rio fechou o caixão sem suar. É o grande favorito para o título da Copa do Brasil e do Brasileirão. E, como sempre, deve fazer um grande jogo contra o Flamengo.

O Atlético-MG ensaiou uma ressurreição devolvendo o placar de 3 x 0 contra o Vitória, mas perdeu nos pênaltis no Mineirão. Lá vai Celso Roth para mais uma missão, tendo como sempre a hostilização da torcida...

O Corinthians começou a garantir sua vaga ao diminuir o placar contra o Atlético-PR em Curitiba. O resto, é Ronaldo. Um gol com a sua marca e um pênalti cavado resolveram o jogo. Nada de novo.

O Timão enfrenta ninguém menos que o Fluminense, que conseguiu passar pelo Goiás no sufoco. O tricolor precisa resolver sua crise de identidade: é um bom time ou não é? Tem um bom elenco ou não? Está com a cara do técnico ou não? Se não encontrar uma definição será atropelado por Ronaldo e cia.

Na Libertadores, o Palmeiras fez mais um jogo difícil contra o Sport, e sua ampla posse de bola não se refletiu no placar final. Luxemburgo consegue anular as saídas de ataque do Leão da Ilha, mas Nelsinho conta com uma defesa sólida que consegue evitar as investidas palmeirenses. Jogo aberto em Recife.

O Grêmio faz um belo resultado fora de casa, com Máxi Lopez retomando sua fama de artilheiro. Praticamente garantiu a vaga para as quartas-de-final. É um time que não possui tanto alarde quanto o arquirrival gaúcho, mas que pode surpreender nessa Libertadores 2009.

E a competição parece sorrir para os brasileiros: o Cruzeiro também venceu fora de casa, e decide a vaga em Minas Gerais. Pena que o regulamento não permita uma final
"caseira", porque haveria grandes chances dela ser no Brasil.

Devagar com o andor

Ronaldo fez belos gols no Paulistão e foi eleito o melhor jogador do torneio. Indiscutível? Talvez.

Àqueles que engrossam o coro de vê-lo na Seleção, e logo, recomendo calma. Conforme trechos de entrevista que irá ao ar no Fantástico (quantas já foram?), o Fofômeno diz que está com 93kg e que precisa perder mais 2 ou 3.

Lembrando que Ronaldo chegou à Copa de 2006 pesando 94,7 kg, e que foi obrigado a perder 4,5 kg às pressas para estar em condições de agüentar um jogo da competição internacional.

Então, Ronaldo (e seus 93kg) pode até ser artilheiro e melhor jogador de um Campeonato Paulista com 4 times grandes e milhões de pequenos. Mas daí a estar apto para a Seleção Brasileira, disputando de igual para igual com marcadores do resto do mundo...

Não há o que questionar

Ficou reservada para a decisão do Rio a maior dose de emoção desse domingo. Em Minas e, de certa forma, em São Paulo a fatura já estava pré-liquidada desde a semana passada.

Quando o Santos fez 1 x 0 logo no começo do jogo, deu a impressão que as coisas iam complicar para o Corinthians. Mas o Timão não demorou muito pra empatar, e a falta de experiência do alvinegro praiano falou mais alto. Sem ânimo para tentar fazer mais dois gols, o 1 x 1 deu o título invicto ao Parque São Jorge.

Sem dúvida, Mano Menezes e Ronaldo foram os destaques desse Corinthians campeão. Com o time acertado e consicente de suas limitações (como o Botafogo), o Fenômeno deitou e rolou - sem trocadilho - fazendo gols em clássicos e momentos decisivos. Nada anormal para seu currículo. Mas precisa de reforços para um Brasileirão de oito meses.

Resta ao Santos ter calma e ver que saiu no lucro. Contratou Vágner Mancini no meio do campeonato, quando nem imaginava chegar às semifinais. E pôde contar com revelações que se firmaram no time, como Neymar e Paulo Henrique. Se a janela de transferências de julho não atrapalhar, há boas chances desse elenco garantir ao menos uma vaga na Libertadores.

Esses dirigentes da Federação Paulista de Futebol vão lavar seus lençóis amanhã... Fica brincando com fogo! Zoação à parte, a carreira e a integridade física de um jogador foram postas em risco ontem. Quem vai ser punido por aquela idéia de burro de misturar fogos e papel?

O que falar de Minas? Até agora os atleticanos tentam entender por que duas goleadas por 5 x 0 em duas finais seguidas de campeonato estadual. O gol logo no início do jogo acendeu, lá longe, a luz da esperança. Entretanto, assim como em São Paulo, o Cruzeiro sepultou a alegria e logo empatou.

O maluquinho Kleber é mais uma vez campeão. Vamos ver se no Brasileirão ele vai ser expulso proporcionalmente ao número de gols que faz...

A decisão mais aberta e mais emocionante foi a do Campeonato Carioca. Um Botafogo castrado de seus maiores talentos enfrentando um Flamengo com 90% do Maracanã a seu favor. Mas não foi fácil como os rubro-negros imaginavam.

Primeiro, porque novamente o Botafogo soube "asfixiar" o adversário. O time do Fla rodava a bola mas não fazia nada de objetivo, pois não tinha espaços. Só que faltava ao alvinegro o toque final de qualidade - que Victor Simões, sozinho, não dava conta.

Mas veio um escanteio e uma falha de marcação: 1 x 0 Fla. Depois, uma falta e um desvio providencial: 2 x 0 Fla. E essas foram as duas únicas finalizações do cirúrgico time da Gávea. Túlio Souza quase encobre Bruno com estilo, mas o primeiro tempo terminou mesmo com o placar tranqüilo para o Fla.

No segundo tempo, o imponderável deu as caras. Logo a um minuto de jogo, pênalti infantil de Juan. Aliás, desde o episódio com Maicosuel, o camisa 6 da Gávea não jogou absolutamente nada. Victor Simões bateu como sempre e Bruno, que tinha feito seu dever de casa, defendeu.

Quando todos pensavam que o jogo ia ficar por isso mesmo, Cuca inventa de tirar o rápido Erick Flores para botar a âncora Obina. A estapafúrdia substituição deve ter produzido um efeito psicológico no time do Botafogo, que partiu pra cima de uma maneira que nem sua torcida esperava. Juninho diminuiu numa linda cobrança de falta e Túlio Souza empatou após boa troca de passes.

Aí o Botafogo perdeu o ímpeto e o Fla voltou a assustar. Mas sem ataque e com os alas num dia ruim, nunca haveria mais gols. Pênaltis, como em 2007, com os mesmos técnicos.

Com tudo zerado, Bruno mais uma vez foi a estrela, com competência e sorte. O Fla conquistou o "penta-tri" sem jogar melhor que o Botafogo, mas com a frieza e a experiência de carimbar o título quando teve chance. Ambos os times precisam se reforçar para o Brasileirão, mas fizeram uma final para orgulhar seus torcedores.